Parceria entre CEE e EGPCE viabiliza produtiva discussão sobre o Novo Ensino Médio
10 de dezembro de 2025 - 16:02

Parceria firmada entre o Conselho Estadual de Educação do Ceará (CEE) e a Escola de Gestão Pública do Estado do Ceará (EGPCE) viabilizou produtiva discussão sobre o Novo Ensino Médio (NEM), cuja implementação em todo o país deverá ser totalmente concluída ao longo de 2026. Juntos, os dois órgãos trouxeram ao Ceará o professor e consultor Eduardo Deschamps para proferir palestra sobre o NEM, a fim de esclarecer dúvidas dos educadores locais, levando em conta a complexidade do tema e seus desdobramentos nas salas de aula. A fala do especialista foi realizada na manhã da quarta-feira, 10/12, no auditório da Secretaria do Planejamento e Gestão do Estado (Seplag-CE), no Centro Administrativo do Cambeba, em Fortaleza-CE.
Na ocasião, Deschamps defendeu a reformulação, que, segundo ele, visa alinhar o currículo do ensino médio no Brasil com as melhores práticas mundiais, mas principalmente aos anseios dos estudantes e às demandas que a sociedade do século XXI tem feito. “Fazer alinhamentos curriculares são importantes para apontar caminhos para um ensino médio que seja mais atrativo, incentive mais o estudante à sua permanência na escola e, ao mesmo tempo, que faça mais sentido para ele seguir a sua trajetória pós-ensino médio, seja no mundo do trabalho ou numa carreira universitária”, avaliou.

Inicialmente, Deschamps fez um breve histórico do processo de mudança do ensino médio do Brasil, que começou há 12 anos. A reforma visa adequar a formação dos alunos às necessidades contemporâneas, promovendo uma educação mais flexível e diversificada. O especialista abordou as principais mudanças no ensino médio, que se tornarão obrigatórias em 2026, como o aumento da carga horária da formação básica de 1.800 horas para 2.400 horas para alunos que não optarem pelo ensino técnico. A carga horária total continuará sendo de 3.000 horas ao longo dos três anos do ensino médio.
A reforma também determina que disciplinas como história, biologia, português e matemática voltem a ser obrigatórias, garantindo que todos os alunos tenham uma formação básica sólida. Uma grande novidade são os Itinerários Formativos (IFs). Neste caso, os alunos poderão escolher entre diferentes itinerários formativos, que incluem áreas como Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Cada escola deve oferecer pelo menos dois desses itinerários, permitindo que os alunos personalizem sua formação de acordo com seus interesses e objetivos. No caso do ensino técnico, a carga horária será de 2.100 horas para componentes curriculares comuns, com 300 horas dedicadas a um itinerário formativo relacionado ao ensino técnico, além de até 1.200 horas exclusivamente para o ensino técnico.

Na oportunidade, Dechamps elogiou a Resolução nº 521/2025, emitida recentemente pelo CEE. O documento institui as normas complementares para a organização e oferta do curso de Ensino Médio e orienta a implementação dos IFs no Sistema de Ensino do Estado do Ceará. A resolução estabelece que o currículo da etapa do ensino médio será estruturado de forma integrada, compreendendo a Formação Geral Básica (FGB), com aprendizagens essenciais, como português e matemática; e os IFs, em consonância com diversas áreas do conhecimento e com a formação técnica e profissional de livre escolha dos estudantes.
A legislação determina, ainda, que o ensino médio deverá ser ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização das línguas maternas, currículos específicos e diferenciados, bilíngues e interculturais, elaborados em conjunto com as comunidades indígenas. Quanto à Educação Escolar do Campo, o currículo deverá estar fundamentado na valorização da identidade da escola do campo, com conteúdos curriculares e metodologias de ensino adequadas às reais necessidade das populações da área.
No tocante à Educação Digital, a resolução define que será obrigatória no ensino médio, devendo ser assegurada mediante a oferta de componente curricular ou de forma transversal, a critério da instituição ou rede de ensino, contemplado os eixos estruturantes do pensamento computacional, do mundo e da cultura digital, com ênfase no letramento digital, na aprendizagem de fundamentos de computação, na programação, na robótica e demais competências digitais. A resolução inclui, também, os itens Itinerários Formativos de Aprofundamento (IFAs) e de Formação Técnica e Profissional (IFTP), projeto de vida, componentes curriculares eletivos, educação híbrida, transferências, certificação e diplomação, avaliação de aprendizagem, projeto pedagógico e regimento escolar.
Licenciatura
Após a explanação, Deschamps respondeu perguntas formuladas pela plateia, destacando que o principal na reformulação do ensino médio é desenvolver o pensamento crítico, habilidade essencial que envolve a análise, avaliação e reflexão sobre informações e argumentos, permitindo a formação de opiniões fundamentadas e decisões mais conscientes.
“O pensamento crítico permitirá ao indivíduo refletir sobre questões complexas, avaliar informações e argumentos e chegar a conclusões fundamentadas”, disse. O consultor ainda abordou a questão do “apagão” de professores no país, que pode influir negativamente na efetivação do NEM. Ele defendeu uma “mexida” na formação dos docentes pelas universidades, com mais foco na licenciatura, graduação voltada para a docência em uma área específica do conhecimento.
Representante da direção do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação e Ensino da Livre Iniciativa do Estado do Ceará (Sinepe-CE) no evento, o professor José Lima de Carvalho Rocha elogiou a iniciativa do CEE e EGPCE de promover ampla discussão sobre o NEM. “Mas, ainda são necessárias novas discussões para melhor entendimento de todas essas mudanças. É muita coisa acontecendo simultaneamente e não queremos iniciar o novo ano letivo de forma errada”.
Presidente do CEE, a professora Ada Pimentel destacou a relevância do evento, considerando-o “um grande sucesso”, levando em conta a presença significativa de educadores interessados em conhecer mais sobre o NEM e esclarecer dúvidas. “Foi muito bom observar o auditório lotado de educadores focados em aprender mais sobre o NEM, além de apresentarem suas inquietações relacionadas ao tema, sempre com o desejo de aprimorar a qualidade da educação no Ceará, preparando os jovens, adequadamente, para o mercado de trabalho e para a sua vida acadêmica”. A gestora agradeceu a parceria com a EGPCE e à Seplag-CE pelo espaço cedido para a efetivação do evento e reiterou que o CEE mantém-se aberto para oferecer orientações sobre o NEM e outros temas relacionados à educação.

